Algumas frases ditas em 1993 e 1994 por gente do futebol nacional
«Não foi o atraso nos ordenados que motivou a saída de alguns futebolistas. Foi a falta de liderança» (Luís Tadeu, a «A Bola»)
«A partir do princípio deste ano, os meses tinham 40-50 dias e foi a indisciplina que matou o Benfica» (Pacheco, a «A Bola»)
«Nem com o Maradona o Benfica vai ao sítio» (Futre, à Gazeta dos Desportos»)
«As demissões são uma forma de esvaziar o clube. Parece que o sr. dr. juiz Adriano Afonso está disposto a fazer o clube em cacos no prazo de 40 dias» (Jorge de Brito, ao «Record»)
«O Benfica está descapitalizado, financeira e humanamente» (Bagão Félix, a «A Bola»)
«Sinto desprezo por Sousa Cintra. Até o presidente de um clube que tem tido problemas connosco nos garantiu, preto no branco, que não faz tenções de tirar proveito desta nossa situação» (Jorge de Brito, a «A Bola»)
«No aeroporto, o Sousa Cintra abordou-me e, no seu jeito expansivo, deu-me um abraço. Não queriam, com certeza, que me pusesse a discutir com o homem ou a bater-lhe. Digo-lhe mais: tenho a certeza de que ele não gostou nada do que eu lhe disse» (Jorge de Brito, a «A Bola»)
«O F.C. Porto deu-nos um murro quando estávamos de pé. O Sporting deu-nos um murro quando estávamos de cócoras...» (José Capristano, na TV2)
«É preciso limpar muita porcaria que exista na FPF. Mas, quando me refiro a porcaria, não estou a dirigir-me a ninguém em particular, nem sequer ao eng. Vitor Vasques» (Carlos Queirós, a «A Bola», após a derrota sem São Siro, frente à Itália)
«Não posso entender que haja pessoas que, depois destas duas derrotas, se estejam a rir. César Carvalheira, na sua boa fé, foi a Fátima agradecer a vitória frente à Suíça, mas tenho a certeza de que houve, igualmente, quem tenha ido ao mesmo santuário agradecer as derrotas das duas Selecções em Itália» (Carlos Queirós, a «A Bola«)
«A engrenagem federativa tem vícios e o pensamento de algumas pessoas não pode ser o mesmo de 72 ou 73. Não pretendo ter um estatuto privilegiado na FPF. Pretendo, apenas ser respeitado e não ser tratado com um gajo qualquer» (Carlos Queirós, a «A Bola»)
«À boa maneira portuguesa, a primeira coisa que lhes foi mostrada (aos russos) quando chegaram... foram os 'museus' onde se 'come' bem e eles pensaram que tinham aterrado na 'república das bananas'...» (Toni, ao «Record»)
«Por vezes, quando se deve jogar longo joga-se curto, e quando se deve jogar curto opta-se por jogar longo, daí eu dizer que, às vezes, se instala uma certa confusão entre os jogadores» (Semedo a «O Jogo»)
««Há muita gente a pensar que não vou conseguir ser um grande político, porque vou ter muita dificuldade em... mentir» (Valentim Loureiro, a «A Bola»)
«A Bola é quadrada, mas eu marco golos» (Cadete, a «A Bola»)
«Estou a ser cuspido (...), estão a pôr em causa a minha integridade física» (Pedro Figueiredo, nas Antas, em directo na TV2, no fim do Porto-Famalicão)
«Depois de acabado o jogo, verificaram-se alguns incidentes» (Bruno Prata, no «Público»)
«O sr. José Gomes, embora seja um bocado gordo, não tem peso para me demitir ou tentar demitir o presidente do Conselho Regional de Árbitros da A.F.Porto» (Ferreira Torres, a «A Bola»)
«Há dois grandes actores no Mundo, Lawrence Olivier e Paulo Futre, um especialista na comédia. (...) Futre é capaz de driblar dois italianos dentro de uma cabina telefónica, mas depois não consegue encontrar a saída» (Roy Hodgson, treinador da selecção suíça de futebol, citado pelo «Jornal de Notícias»)
«Psicologicamente sou o maior!» (Carlos Calheiros, árbitro de futebol, a «A Bola»)
«A minha preocupação foi defender as partes entre as pernas» (Fernando Miranda, árbitro de futebol, selvaticamente agredido, no campo do Sousense, por dezenas de pessoas)
«Tenho ouvido dizer que pode haver jogadores portugueses em Itália para o ano. (...) Com a minha experiência, aconselho-os a preparem-se muito bem psicologicamente. Cocaína, nunca. Mal por mal, mais vale uma boa garrafa de uísque» (Branco, futebolista brasileiro, ao «Record»)
«De início fui considerado, em Portimão, muito inteligente. (...) Depois, com as derrotas, deixei de ser inteligente e passei a ser burro. (...) Agora, parece que já me consideram, novamente, inteligente» (Manuel João, presidente do Portimonense, a «A Bola»)
«O Belenenses foi grande quando teve o apoio do regime fascista, do almirante Américo Tomás. Esse foi, de facto, o grande momento do Belenenses, que para mim não é mais do que um clube de bairro» (Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira, a «O Jogo»)
«Viver em Lisboa em Lisboa e ser do F.C.Porto é como ser muçulmano e viver na Bósnia» (Miguel Sousa Tavares, advogado e jornalista, ao «Público»)
«Posso provar que o Paulo Sousa está sequestrado. (...) Eu sei tudo o que passa e ele vai tentar fugiu ou gritar pela janela» (Manuel Barbosa, ao «Record»)
«O que me interessa é que me raptaram um filho desportivo. E posso apresentar, por isso, queixa ao Ministério Público por rapto e sequestro. Ele está nesta situação contra a sua vontade e só me desmentirá se lhe apontarem uma pistola» (Manuel Barbosa, ao «Record»)
«Não vou por três maças podres num cesto de maçãs mais ou menos boas» (Toni, sobre os russos, a «O Jogo»)
«Tenho muita consideração por si e gostava, do fundo do coração, que continuasse como presidente do Benfica» (Sousa Cintra a Jorge de Brito, em Genève, citado pela «Gazeta dos Desportos»)
«O Sporting não ganhará qualquer título enquanto eu não entrar no Estádio de Alvalade. (...) mas o presidente não acredita...!» (Zandinga, no «Falas Tu ou Falo eu», na SIC)
«O F.C. Porto só quer evitar a descida de Divisão» (Inácio, ao «Record»)
«Os jogadores de futebol não são mulheres a dias. São indivíduos que ganham mil contos por mês. Logo, se receberem quinhentos de uma vez e o resto de outra, não morre ninguém» (Fernando Pedrosa, à «Gazeta dos Desportos»)
«O Estádio da Luz é um elefante branco» (Jorge de Brito, à Gazeta dos Desportos»)
«A arbitragem está muito melhor» (Sousa Cintra, no «De Caras»)
«Carlos Calheiros é um árbitro competente e honesto que conta com dois bons auxiliares. Estou muito satisfeito por vê-los em Alvalade, mas não posso aceitar o comportamento do presidente do Conselho de arbitragem» (Sousa Cintra, à «Gazeta dos Desportos»)
«Sousa Cintra confessou a Rui Fontes que o Sporting controla o Conselho de Arbitragem» (Pinto da Costa, a «A Bola«)
«A tentativa de Sousa Cintra para pressionar o árbitro é demasiado provinciana. Ele chegou tarde ao futebol...; isso usava-se há vinte anos» (Pinto da Costa, a «A Bola»)
1994
7 Janeiro - Manuel Damásio eleito 30º presidente do Benfica. Com a mais
ampla maioria de sempre: 87 por cento. Emocionado, aquiescendo não sentir-se com
«o dom da palavra para dizer o que os benfiquistas gostariam de ouvir», aventou:
«O Benfica merece tudo, vamos esquecer o passado recente e pôr os olhos no
futuro». Pouco antes, Jorge de Brito dissera: «Os sócios votaram enganados, vão
ver daqui a seis meses»...
«Tenho a coluna direita, não sou mentiroso como Damásio. E não nasci benfiquista
aos 53 anos» (Jorge de Brito no dia da inauguração da sede de Capristano)
«Quem é o senhor Manuel Damásio? Pelo que sei nunca foi gestor, era um ajudante
de despachante. O que é que fez pelo País? Não tem o direito de pôr em causa a
minha capacidade profissional, até porque os meus trabalhos são utilizados para
promover Portugal.» Explicou o «nazismo» de Damásio: «Na cultura ocidental, a
violência é sinónimo de crime e nazismo. Hoje Damásio foi violento. O seu
discurso é só eu, eu, eu. Mas, enfim, o exercício de existir obriga-nos a alguns
riscos: podemos ser atropelados por um autocarro ou por uma besta» (Tomás
Taveira, a seguir ao debate na TV2 entre Capristano e Damásio)
«José Capristano foi o principal causador do défice de 1,5 milhões de contos nas
modalidades amadoras. Cunha Leal teve muita culpa na actual situação porque
entregou, fora de prazo, a contestação aos contratos de Sousa e Pacheco, que
representavam 2,5 milhões de contos a pagar pelo Sporting. E no contrato do
Ailton aceitou uma cláusula que obrigava, caso não se efectuasse o pagamento das
tranches, a pagar 100 por cento de juros em dólares. É pura inconsciência»
(Manuel Damásio, TV2)
«Não se pode alimentar a caviar quem não tem dinheiro para comer carapaus»
(Manuel Barbosa, considerando irreversível a transferência de Rui Costa»
«Artur foi um autêntico palhaço» (Rui Jorge, um dos expulsos no Boavista-Porto,
o outro foi... Paulinho Santos)
Março 1994
«À força de ler nos jornais que não valem nada, os meus jogadores começam a
acreditar» (Artur Jorge, a respeito do PSG, ao «L«Équipe»)
«Por amor de Deus, eu tenho um lugar no futebol» (Manuel de Oliveira, treinador
de futebol, a «A Bola»)
«Vou mudar, não posso continuar a ser bom rapaz» (José Pratas, árbitro de
futebol, a «A Bola») (Durante o jogo Sporting 3-1 Farense, José Pratas outra vez
em bolandas para resistir aos protestos dos jogadores. Desta feita os leoninos.
Paulo Sousa lançou-se sobre si de peito aberto, Cadete deu-lhe à sorrelfa uma
palmadinha, Pratas penou envolvido pela mole frenética de sportinguistas. «Só
com uma metralhadora poderia evitar aquilo». E prometeu deixar ser «bom
rapazinho».
«O Benfica é muito mais importante que o partido Socialista e o Futre muito mais
importante que o PSD» (José Rabaça, a «O Independente»)
Junho 1994
«O Bordéus possui condições de trabalho excepcionais, é um clube muito bem
estruturado, liderado por um presidente empenhado, responsável. Aliás, é por ser
tudo tão bom que o anterior presidente foi parar à cadeia." (Manuel Barbosa
sobre a contratação de Toni pelo clube francês)
Benfica liderado por Damásio atinge os 150 mil sócios em Julho de 1994 com a
conquista do campeonato e a Campanha para Novos Sócios.
«Isto está tudo minado. Por princípio, nunca cuspo em ninguém, mas como ele me
cuspiu na cara, tive de responder-lhe» (Pacheco, justificando a agressão a
Fernando Couto, que lhe custou a expulsão na finalíssima da Taça)
«Meu grande burro, vais ser enforcado numa árvore» (Leal, para o fiscal de linha
de José Pratas, no Jamor)
«A Federação é um nojo e o F. C. Porto é uma equipa de caceteiros» (Luís Duque)
«É uma grande frustração continuar a ouvir as pessoas confortarem-me, dizendo
que para o ano é que é» (Sousa Cintra)
Julho 1994
«Ando aqui de cabeça lavada» Dias Pinho, vice-presidente da A.F.Porto
«Anda? Anda? Anda porque é careca» Valentim Loureiro [Diálogo na Assembleia
Geral da FPF]
Agosto 1994
«Querem destronar-me? Como se costuma dizer, estou-me perfeitamente borrifando
para isso» (Vitor Vasques, à Antena 1)
«O meu trabalho não é falar com vocês [jornalistas]» (Bobby Robson)
«Não podemos continuar a viver na lama como as minhocas» (Valentim Loureiro,
depois da Assembleia da FPF)
«Todos os jogadores são toxicodependentes disto ou daquilo» (Artur Jorge, aos
jornalistas, à chegada do Brasil, a propósito de Claudio Caniggia)
«Assédio... só se for sexual» (Nelson, jogador do Sporting, acerca do eventual
interesse do Benfica)
Setembro 1994
«Há muita gente boa e honesta no futebol de hoje que está a ser vítima inocente
dos 'demónios' que entraram no desporto pela porta do cavalo e reinam agora
protegidos pelas brasas do Diabo... Até quando?...» (João Lachever, ex-dirigente
do Estoril, em «O Jogo»)
«Há corrupção! Fortemente organizada, solidamente dirigida e sabiamente
aproveitada» (ibidem)
«Duas perguntas, vocês disseram duas perguntas e já vamos em cinco perguntas,
are you crazy, maluco?» (ibidem)
«Um treinador deve manter a sua mala aberta» (Toni, ao «L'Équipe»)
«Não contratámos dois santos nem eu sou o abade das Antas.» (Pinto da Costa,
sobre contratação de Iuran e Kulkov)
«Tinha, de certeza, um enfarte se ficasse mais um ano no Benfica» (Kulkov,
comentando as análises dadas a conhecer pelo Benfica sobre a sua condição
física, numa altura em que se tomou conhecimento do seu ingresso no F. C. Porto)
Após estar detido durante três meses o árbitro José Guímaro foi libertado e
ironizou com a situação dizendo: «Foram as férias que nunca tive...»
Outubro 2004
«Todos querem mandar na arbitragem e ninguém quer pagar impostos.» (Valentim
Loureiro)
Cumpriu-se o desejo de Cadete. As portas do futebol italiano foram-lhe abertas
pelo menos até final da época. À chegada ao Brescia, a promessa: «Estou vivo e
vou prová-lo». O presidente, eufórico, à ...Cintra, afirmou: «Faz-me lembrar
Paolo Rossi, mas joga melhor de cabeça»...
«Se jogasse com peruca ninguém me chavama velho!!» (André, jogador do F.C. Porto)
Novembro 1994
«Não sei, mas será certamente uma boa solução para a crise nacional da
construção civil. Se prenderem os 70 mil gestores das empresas que não vão
pagar, mais os dirigentes de 20 ou 30 clubes, vão ter de construir tantas
cadeias que o problema resolve-se...» (Pinto da Costa, em resposta a José
Eduardo Moniz e Maria Elisa, na RTP, à pergunta se admitiria ser preso no caso
de não saldar as dívidas ao Fisco)
Até hoje o único dirigente com processos crime e preso por
dívidas ao fisco foi Vale e Azevedo...
«Não me obriguem a ser presidente do Sporting» (Dias Ferreira revelando-se o
rosto da oposição a Sousa Cintra)
«Dias Ferreira? Não sei quem é. Não vou perder tempo com um merdas!» (Sousa
Cintra)
Dezembro 1994
«Com o passivo a zero o Benfica estará em condições de igualdade ou mesmo
superioridade em relação aos três ou quatro maiores clubes da Europa» (Manuel
Damásio, na Assembleia Geral do Benfica, para aprovação do Orçamento para 1995)
«O passivo é já inferior a 5 milhões de contos mas ainda é assustador. É pelo
menos o dobro do que seria razoável» (Manuel Damásio, nessa mesma Assembleia)
«Eu vou comprar essas tretas dos títulos, isso é ponto assente. Mas, por amor de
Deus, acabem lá com os homens grandes à porta do estádio, que são uma ofensa ao
Benfica!» (Jorge Máximo, sócio do Benfica, em plena AG, referindo-se aos novos
seguranças nos jogos da Luz)
«Não mais o Benfica poderá ser como aquele fidalgo que não quis vender o castelo
mas acabou por morrer na miséria» (Manuel Damásio)
O Benfica, em Assembleia Geral muito concorrida, apresentou os Orçamentos
(Suplementar/94 e Ordinário/95) aos sócios e estes aprovaram-nos. Quanto à
revisão dos estatutos, os associados presentes aceitaram o requerimento
apresentado pro Manuel Rocha de Lima, que dizia: «Autorizar, nos termos do
artigo 118 dos estatutos, o Plenário dos Orgãos Sociais a efectuar uma revisão
extraordinária dos estatutos.» Documento também aprovado por larga maioria.
Entretanto, o presidente Manuel Damásio lançou a «operação coração»,
pronunciando-se sobre esta iniciativa: «É preciso, no entanto, que os sócios do
Benfica percebem que esta operação envolve-os não só a eles como a todos os
benfiquistas em geral. De entre os milhões de adeptos que o nosso clube tem
espalhados por todo o Mundo, estou certo de que 400/500 mil aderirão a esta
iniciativa. Se assim suceder, o passivo ficará a zero e, nessa altura, o Benfica
será um clube imparável.»
O angolano
Akwá, uma esperança do futebol (17 anos), disputado por «águias» e «leões»,
treina-se pela primeira vez no Estádio da Luz sob o olhar atento de muitos
observadores, em especial de Artur jorge. A transferência do angolano não fugiu
ao ângulo rocambolesco destes casos intricados e envolveu verbas de certo
volume.
Gorada a vinda do angolano Akwá para o Sporting, o clube de Alvalade move
montanhas e influências (inclusive, a nível governamental) para evitar a ida do
jogador para o Benfica, havendo até quem invocasse um hipotético plano para o
seu «rapto».